sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Estas estórias não estão no livro do professor Celson...

Eu comecei a andar pela rua Santo Antonio em tenra idade, por volta dos meus seis, sete anos, porque era um garoto fujão (continuo fugindo do que não presta mas a essa altura da vida tou começando a achar cada vez mais difícil a ideia...rs rs rs...), qualquer descuido do pessoal que ficava me vigiando pra não me mandar pra rua e deixar minha mãe em pânico, eu saia pela porta dos fundos de minha casa que ficava na rua Senador José Euzébio e dava fundos exatamente pra rua Santo Antonio... O que é que eu com aquela idade ia fazer na rua santo antonio? Eu ia ver o pessoal jogar sinuca no bar do comércio, do mestre carneiro, que ainda por cima tinha uma radiola a bateria de carro, que tocava o tempo inteiro músicas de nelson Gonçalves...isso quer dizer que eu andava só no trecho da rua santo antonio que não era a tal de zona boemia, que ficava exatamente no quarteirão seguinte, depois da rua capitão manoel oliveira até onde hoje fica a rua que botaram em homenagem ao grande benfeitor das prostitutas, o major Honório bona, e de dia...Claro que eu fiz algumas tentativas de andar pela zona perigosa, mesmo de dia, mas alguém logo me dizia:”que é que tu tá fazendo aqui, menino...” e eu me mandava dali... Mera curiosidade infantil, diria o grande mestre irmão turuka...
Só fui frequentar a rua santo antonio pra fazer o que todo mundo ia lá fazer, no ano de 1970, levado por um amigo que não está mais entre nós, que insistia comigo que eu precisava voltar a me relacionar sexualmente depois de anos de total abstinência porque eu me tornei kardecista e achava que não devia fazer aquilo com aquele tipo de mulher, etc. Eu dizia, rapaz, tenho vergonha de ir na zona enquanto a luz da cidade estava acesa, por achar que ir ali na zona pegava mau pra minha reputação de jovem professor  dos colégios locais com fama de ser uma pessoa que não fumava, não bebia, não ia a festa e muito menos raparigava. Me dizia o meu amigo, cara, depois que a luz apagar tu vai lá que eu vou te mostrar uma mulher linda que chegou aí, que eu tenho certeza que se tu botar os olhos nela, tu quer transar com ela...Não deu outra,  acabei caindo na tentação, a mulher realmente era linda e eu me apaixonei por ela...  Toda vida me apaixonei por esse tipo de mulher, mas nunca tive coragem nem de me amigar com nenhuma delas... rs rs rs..., mas me apaixonava perdidamente por essas criaturas, na verdade um sentimento que tinha um tanto de paixão e mais de compaixão do que outra coisa, ainda hoje sou meio assim, mesmo já tendo pendurado as chuteiras... rs rs rs...
Eu havia perdido a minha inocência no começo dos anos 60, quando voltei do Recife; todos os meus amigos da minha idade já conheciam mulher no Zabelão, que não tinha nem luz; eu cheguei e todo mundo ficou me gozando, cara tu ainda é donzelo, e eu ficava me sentindo menos homem por isso; um belo dia escorreguei com a molecada ali pela bona primo e de repente me vi num daqueles quartinhos ali com uma mulher nova, negra, baixa, forte, que me fez adentrar o mundo dos prazeres carnais, não a luz de vela, mas a luz de lamparina...
O livro do professor Celson Chaves é bom, mas eu gosto mesmo é do romance do Alan Silva, um romance chamado “Pedra Negra”, cuja ação se passa em parte na zona da santo antonio,nos anos 30 ou 40, e tem um personagem que ele quis me homenagear chamando de Zeferino, um epicurista...Não gosto da linguagem acadêmica do livro do Celson, mas ele quis fazer literatura acadêmica, não ficção artística, e tem que se dar esse desconto...

Um dia alguém vai contar estórias e causos passados na rua santo antonio sem preocupações acadêmicas...

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