Meus amigos, essa doença me pegou num momento em que eu achava que ia finalmente conseguir fazer alguma coisa este ano, que não vinha conseguindo fazer nos dois últimos anos, teatro. Rememoro: cheguei por aqui no início de 2009 e vinha com o projeto de montar o Auto de Santo Antonio na mala. Contei com o auxílio de pessoas que foram fundamentais para que eu conseguisse o que queria e aqui aproveito a oportunidade para agradecer de público a elas: Marko Galeno, João Alves Filho e o prefeito da ocasião, João Félix de Andrade Filho. Fiz o projeto e consegui que João Félix me garantisse seis mil reais, que a prefeitura me pagou a última parcela no último dia do ano de 2009. Nesse ano consegui dar umas oficinas de teatro, com recursos garantidos junto ao estado, no Colégio Paulo Ferraz, pelo então deputado Paulo Martins e tentei montar com os alunos da Escola Dom Abel, uma peça escrita em parceria com o Edilson Araújo, com recursos da Fundação Cultural Ludetana Araújo, o que não consegui porque ao final do ano letivo daquela escola, não tinha avançado na produção da peça o suficiente para apresentá-la. Naquele ano consegui recursos para produzir uma, duas na verdade, peças para a prefeitura de N. S. de Nazaré, que também chegados ao prazo previsto para suas apresentações, a produção também estava em estágio que não valia a pena apresentar. Estou falando disso tudo aqui em detalhes para esclarecer algumas coisas que é preciso esclarecer a respeito de produção teatral. Uma é que o produtor/autor/diretor (que é o meu caso) fica ensaiando um mês, dois, três, queimando etapas de produção e quando chega o prazo de apresentar, a produção está em não muito bom estado de ser apresentada e por isso não é apresentada. Fica a pergunta: por que não apresentar a peça não estando em bom estado de apresentar? A minha resposta é: quando a pessoa que encomenda a peça concorda que não vale a pena apresentar, fica mais fácil... Quando não, se apresenta de qualquer jeito, compromete a imagem do produtor/autor/diretor, porque o resultado do que é apresentado realmente deixa desejar. Foi o que aconteceu com a direção do Colégio Paulo Ferraz, que fez questão que a peça resultado das oficinas fosse apresentada no último dia do ano letivo da escola. No caso de Nazaré aconteceu que a prefeita concordou que eu voltasse lá pra retomar os ensaios, coisa que eu fiz ou tentei fazer sem êxito. No caso da Fundação Ludetana, prometi ao Edilson Araújo retomar os trabalhos quando os alunos ficassem um pouco mais maduros, coisas que ainda não fiz por falta de condições ou de cobrança mesmo do Edilson. Vida de artista onde não existe estrutura de produção em que se divida as tarefas com pessoas qualificadas, não é propriamente fácil. Em 2010 e 2011, acho que a política atrapalhou de alguma forma minha intenção de apresentar projeto para a prefeitura, para montar o Auto de Santo Antonio, fiz projetos para conseguir montar outro texto meu, A Balada do Caburé, mas não consegui. Este ano o prefeito Paulo Martins me prometeu cinco mil reais e eu comecei a esboçar uma campanha de contribuição entre os empresários locais para levantar os outros cinco mil reais para a produção da peça. Não esquecer que o ano passado, tentei dar oficinas de teatro no Cades, formar ali um grupo com recursos do Ponto de Cultura do Minc, mas não consegui. Este ano o Cades promete continuar investindo na possibilidade de formar um grupo teatral da Ong. Ou seja, promessa de trabalho pra este ano não falta. Aí vem a doença, que está me deixando um pouco preocupado porque eu já tinha começado a encomendar cenários, figurinos, objetos de cena, para a produção do Auto de Santo Antonio. E eu fico me perguntando por que adoeci agora. Essa coisa de você ficar tentando entender o que a vida quer lhe dizer com o que lhe acontece. Sem querer banalizar essa coisa de querer entender o significado do que lhe acontece, lhes digo, pra não me alongar demais: tenho que mudar coisas na vida, que eu vinha relutando em mudar, ou seja: 1) me tornar uma pessoa mais simples e humana no trato com as pessoas; 2) me convencer de que não sou tão auto-suficiente, como diz Zeca Baleiro, “que não consiga rastejar...”; 3) tenho que economizar mais as energias porque não sou o garotão que não adoece, que eu imaginava que eu era, e andou cometendo alguns excessos físicos nos últimos dois anos; 4) aproveitar os possíveis quinze ou vinte anos que ainda posso viver de vida útil, para fazer inadiavelmente o que tenho que fazer nesta existência... Será que eu consigo?
Irmão, vc vai viver muito mais...prometa ir em meu velório. A Arte é mais compreendida e ensaiada nos grandes centros, apesar de ter algumas pessoas que valorizam em nossa Campo Maior... outro problema é a verba para cultura ... orcamento para a cultura é a primeira que cortam numa crise...Um erro grotesco, pois desde a Grecia o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos no público...as vezes desperta talentos fantásticos...Seu talento ainda vai ser reconhecido e aplaudido de pé..pois você consegue juntar as histórias de nossa querida Campo maior e seu rico folclore
ResponderExcluirNão queira saber o por que, pergunte para que, a resposta virá no seu tempo. Boa sorte meu irmão.
ResponderExcluirCaro Zan
ResponderExcluirSua preocupação em tocar os seu projetos culturais, e sua preocupação do por que a doença veio lhe atingir num momento em que tinha toda a disposição para vencer as dificuldades, e finalmente ver o sonho se realizar com a apresentação da peça o auto de Santo Antonio em grande estilo, lembrei-me de uma passagem do livro Eclesiastes, ou pregador, do antigo testamente, que nos oferece, nos leva a uma reflexão sobre as angústias que temos na vida, quando fazemos um balanço das nossas realizações, da trajetória percorrida e como nossas vaidades falam mais alto, chegamos a crer que nada na vida realizamos, e que não nos resta mais tempo para nada.No capítulo 3, versículos 1-8 sob o título Tempo para tudo está escrito: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu;Há tempo para nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de se arrancar o que se plantou; tempo de matar,e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar; tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deixar fora; tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de aborrecer; tempo de guerra, e tempo de paz. Então prezado Zan, o seu tempo é o de plantar. E também de arrancar o que voce plantou.De colher os sonhos plantados. Queremos compartilhar com voce este momento da colheita dos sonhos.Boa sorte.Que sua saúde seja plenamente restabelecida.