É nada, mas se Karl Marx vivesse agora e visse o que quem não está pulando, enchendo a cara ou fornicando do jeito que se pode fornicar nesses dias de licenciosidade consentida, está vendo, possivelmente chegasse a conclusão semelhante a sua visão sobre religião no século XIX, mas conheceria por certo a explicação do povo e do país pelos escritos de Gilberto Freire, Darcy Ribeiro, Sérgio Buarque e Roberto Damatta e depois disso já estaria em condições de dizer talvez que na verdade o ópio do povo brasileiro é a televisão, que é quem induz o povo a se envolver com futebol e carnaval do jeito que se envolve. Nas redações das televisões, não se fala de violência, bebês recém nascidos jogados em lixeira, pai matando filho, filho matando mãe. Ou isso vai deixar de acontecer nesses dias porque o povo está ocupado em se divertir? Bebês serão jogados nas lixeiras daqui a nove meses, porque quando se está “chapado” não se consegue nem colocar uma camisinha? Então tá... mas e a questão levantada por desocupados que nem brincar carnaval brincam, questão levantada envolvendo gente muito mais séria do que nós, meros digitadores de texto tentando explicar o que não sabem? Fernando Gabeira, quando ainda era de esquerda e antes de perder a paciência com ZéDirceu por causa de reles chá de cadeira de meia hora (no tempo da ditadura, um parente que trabalhava numa diretoria do Banco do Brasil em Brasília me contou dum chá de cadeira dado em Marco Maciel, ele mesmo, de mais de uma hora, ou seja, o problema da esquerda “desempoderada” é mesmo impaciência, se vê, não é de hoje...) Pois bem, Gabeira, a coisa de uns quinze, vinte anos atrás dizia que o único poder que existia no país era o da rede Globo... Isso encerra a questão, Gabeira se perdeu no tempo, não pensa em desfilar nu na Banda de Ipanema? Tudo bem, eu vou voltar a assistir um pouco mais de televisão pra ver se agüento chegar até amanhã e deixo vocês em paz, pelo menos até amanhã...
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