sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Morre Jordan, do Flamengo, marcador mais leal de Garrincha


DE SÃO PAULO
Em todo clássico contra o Botafogo na década de 1950, o lateral esquerdo Jordan da Costa, do Flamengo, tinha a inglória missão de parar Garrincha. Se as pernas tortas do Anjo balançavam para um lado, Jordan também balançava.
Se gingavam para o outro, lá estaria o rubro-negro, tenso, evitando a tentação de um bote impreciso. Nas dezenas de duelos que travavam durante uma única partida, os dois permaneciam assim, como homens crescidos dançando em torno de uma bola.




A cena quase sempre terminava da mesma forma. Na primeira precipitação de Jordan, Garrincha tocava a bola para frente, avançava pela linha de fundo e cruzava para ameaçar o gol flamenguista.
O defensor não reclamava do estilo de Garrincha. "Aquilo me dava forças para chegar duro nele", diria Jordan meio século depois para o filme "Simplesmente passarinho", que retrata a carreira de seu grande rival. "Quando ele começava a fazer aquelas papagaiadas, eu estava sempre junto. Mas ele era legal comigo. Ele não me dava pontapé, nem eu nele."
Jordan era considerado pelo próprio Garrincha seu marcador mais leal. Nunca apelava. E nem podia. "Se você desse um pontapé nele, estava ferrado. Ele driblava e, ao invés de ir para o gol, esperava você voltar para driblar novamente", lembra Altair, do Fluminense, outro "João" que Garrincha deixou para trás.
Jordan morreu na manhã desta sexta-feira, no Rio, aos 79 anos, vítima de complicações decorrentes da diabetes. No meio da semana, ele havia amputado a perna direita também por causa da doença.
O lateral foi o quarto jogador que mais vestiu a camisa do Flamengo na história atrás apenas de Júnior, Zico e Adílio: 608 partidas entre 1952 a 1963. Nesse período, foi tricampeão estadual e do torneio Rio-São Paulo.
Segundo a família, o clube carioca deu assistência ao ex-jogador durante a sua internação. "Sua lealdade marcou a carreira do ilustre atleta, que nunca recebeu um cartão vermelho sequer", escreveu o site do Flamengo.
Separado há mais de 15 anos, ele deixa duas filhas e dois netos.
Zico lamentou a morte. "Dia triste com a morte de Jordan. Vi muitos jogos e os duelos leais com o Garrincha foram marcantes. Meus sentimentos aos familiares", escreveu pelo Twitter.
Extraído do site da Folha de São Paulo

6 comentários:

  1. Quando a gente era menino, eu, ZéMiranda e Icade, tinhamos verdadeira veneração por esses jogadores tipo Jordan. Eu torcia pelo Botafogo, Zé era Flamengo e Icade, Fluminense. Tínhamos nossos ídolos nos times pra quem torcíamos mas muita admiração pelos ídolos dos outros times. Em 1958 ou 1959, depois da Copa da Suécia, o Flamengo do Rio jogou em Teresina, no Lindolfinho, não lembro de quanto foi o placar, 2 a 0 pro Flamengo, se não me engano, mas me lembro da escalação do time do coração de meu amigo ZéMiranda:Fernando, Joubert e Copolilo, Jadir e Jordan; Dequinha e Moacir; Luis Carlos, Henrique, Dida e Babá. Timaço. Esse time jogava junto desde os juvenis por volta de 1953 e o treinador era treinador tinha mais de oito anos, um paraguaio com fama de feiticeiro, Fleias Solich. Era tempo em que o torcedor identificava o jogador pela fidelidade dele ao time, não era esse troca troca infame de hoje, em nome de profissionalismo. Jogador começava e terminava a carreira vestindo a mesma camisa.

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  2. Pinuca,
    A escalação correta do MENGÃO tricampeão (50, 51 e 52) era a seguinte: GARCIA, TOMIRES E PAVÃO - JADIR, DEQUINHA E JORDÃO - JOEL, ÍNDIO, HENRIQUE, DIDA E BABÁ.

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  3. Neville, vou te corrigir no comentário que vc. fez aí encima: o Flamengo foi tricampeão de 53 a 55, não de 50 a 52. Além daqueles craques que vc. citou, participaram daquele tricampeonato, Zagalo, Servilio, Chamorro, Rubens, Paulinho, Benitez e Esquerdinha... Tomires eu vi jogar pelo Sport de Recife quando lá morei entre 60 e 62... Batia só do gogó pra cima, uma horror...

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  4. O Jordan morreu, Pinuca?! Meu espanto significa que eu desconhecia o acontecido, rapaz! Jordan era um dos meus principais ídolos, jogador realmente do Flamengo, não esses tais Tiagos Neves da vida, que ficam apenas um ano no clube e logo se transferem, e para qual, no caso do Tiago? O Fluminense, um dos rivais do rubronegro. Eu ficava chateado era porque o Jordan não "amarrava" o Garrincha do ZAN. É, Neville, o ZAN fez a retificação do que talvez tenha sido um lapso de memória do amigo. Conheci o Flamengo, vi sua fotografia pela primeira vez (revista O Cruzeiro), exatamente quando o Mengo conquistou o bicampeonato, em 1954. Em 1950, 51 e 52 os campeões foram, pela seguinte ordem, Vasco, Fluminense e Vasco novamente. Prezado Neville, agora serei eu a fazer uma ressalva a sua escalação. O centroavante não era o Henrique, mas o Índio, que você colocou na meia-direita. Nesta posição era titular o Rubens, citado ali pelo ZAN. Babá era reserva; o ponta-esquerda titular era o carequinha Esquerdinha. ZAN: o Evaristo (atualmente técnico) também integrava o elenco do Fla, na meia-esquerda. ZAN: o Flamengo veio a Teresina em 1959. Eu, o papai e o Icade viemos para o jogo no caminhão do Tio Agostinho, que sempre passava por nossa casa quando vinha de Pedro II. 3x1 pro rubronegro sobre o River, do Tio Cosme, que estava no Lindolfo Monteiro todo entusiasmado. Mas o galo foi estraçalhado pelo urubu. Gols de Dida, Copolilo e Manuelzinho. Não sei por que razão, mas só penso que o Henrique e o Joel atuaram naquele jogo, porém nas escalações não se acham seus nomes... Será coisa da minha cabeça?
    É, ZAN, a gente tinha uma verdadeira loucura pelos jogadores daquele tempo. Colecionávamos álbuns com os pôsteres coloridos dos times. Meu pai e o teu compravam álbuns, e os teus tu me dava, lembra? Coleções maravilhosas que eu conservava. Mas também havia aquela história de que recortávamos as fotos, jogador por jogador, e fazíamos jogos com eles sobre uma mesa ou no chão. A bola era um círculo também de pepel. Demos ao jogo o nome de "joguinho de papel". Realizávamos campeonatos, carioca, paulista... até a Copa do Mundo. A gente realizava transferências de atletas de um time para outro, e eu desenhava, com lápis de cor, as novas camisas e colava-as sobre as que estavam na foto; te recorda também deste detalhe? Outros viciados no tal jogo: Manel do seu Zizi e Decinho do seu Décio. Pra fazer justiça, o criador da "modalidade" foi o primo Carlivan (Carlos Ivan Miranda). Na casa dele, presenciei pela primeira vez o dito cujo. Daí pra frente, não deu outra, só rivalizando com o jogo de botão.

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  5. Pois é, Zemiranda, aquele joguinho com os jogadores de papel, realmente era um brinquedo que nós tres compartilhávamos apenas com o Decim e o Manoel do Seu Zizi...Era um brinquedo na qual a gente viajava, mesmo... O Carlos Ivan está vivo e mora em Recife e volta e meia cruza lá com meu irmão Marco Aurélio... Realmente, o Evaristo, que ainda hoje está por aí, como treinador, fez parte daquele time que ganhou aquele tri-campeonato...Henrique realmente parece que não jogou com os outros caras que a gente falou ali, apareceu em 56 e jogou no Flamengo até ser vendido para o Uruguai... Evaristo foi vendido para a Espanha onde jogou no Barcelona, que tinha um time com alguns jogadores da seleção da Hungria que eliminou o Brasil da Copa do Mundo de 54, e era tão bom ou melhor que o atual time... Tinha o artilheiro da Copa de 54, Kocsis e o ponta esquerda Czibor... Puskas, o capitão daquele timaço da Hungria e do Honved, base da seleção, jogava no Real Madrid, com Kopa, Distefano, Didi, o brasileiro Canário, ex-ponta direita do América e Gento. Que legal lembrar daquele futebol e do nosso joguinho de futebol de papel, rapaz, que legal...

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