Ontem a televisão brasileira viveu um momento raro, no Roda Viva da TV Cultura, quando o entrevistado que ficou na roda foi o professor de Economia e atual diretor da Secretaria de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e do Emprego, Paul Singer, 80 anos, um dos fundadores do PT nacional, homem que conhece pessoalmente Lula antes de Lula ser Lula, o grande líder sindical que despontaria em meados dos anos 70, e que está no cargo desde o início do governo dele Lula e consegue, pela sua envergadura moral e intelectual, o respeito de quem o conhece pela firmeza, coerência e sabedoria de suas posições fiéis a um ideário socialista que cultiva desde a juventude. Austríaco e judeu de nascimento, chegou ao Brasil com a família na década de 40 fugindo do nazismo, Singer consegue ser otimista a respeito da possibilidade de a Economia Solidária penetrar no que chama de “interstícios do capitalismo”, tentando ser uma fórmula que está dando certo, de encontrar alternativas para o problema do desemprego, ensinando e criando as condições de as pessoas se unirem em cooperativas, associações e redes econômicas, onde ninguém é patrão ou líder de ninguém, e todos conseguem com seu esforço pessoal, sobreviver com uma renda resultado de uma atividade baseada não no lucro mas na possibilidade de as pessoas se juntarem e juntas construírem algo realmente benéfico para elas todas. Os entrevistadores do Paul Singer eram pessoas de excelente nível como os professores Ricardo Antunes e Maria Victória Benevides, entre outros, esses dois aí também fundadores do PT e alguns lhe fizeram perguntas mais ou menos cruéis a respeito, por exemplo, dos possíveis desvios do PT, como partido de esquerda, ao longo de sua experiência de poder, nos últimos dez anos... Resposta de Paul Singer a esse tipo de pergunta:”Em todo mundo os partidos de esquerda que chegaram ao poder não conseguem evitar que o profissionalismo (carreirismo, talvez seja isso que ele quis dizer...) tornam as pessoas reféns da necessidade de continuarem se eleger ou reeleger para sobreviver politicamente, caindo quase sempre nalguma armadilha onde os compromissos ideológicos às vezes são esquecidos ou ficam em segundo plano...” Como otimista incorrigível e “irrecuperável”, como se reconhece, acha que as propostas do último Encontro Nacional do PT, onde se aprovou proposta de limitar o número de mandatos a que um candidato do partido seja eleito, se limite a dois, voltando o candidato a sua militância de base depois da experiência de poder ou de mandato, fica pelo menos a nível de resolução num Encontro Nacional, como uma possibilidade de "higienizar" o partido, tornando seus membros, menos, digamos, “profissionais”... Tenho sérias dúvidas se isso pega, mas não custa nada acreditar em mais essa “utopia”... A TV Cultura disponibiliza em seu site, maneiras de comercializar dvds com a íntegra do programa... quem quiser e puder é só ir lá e tentar conhecer quem é e o que pensa o sábio professor Paul Singer, umas das poucas e raras quase unanimidades entre a esquerda brasileira, velhinho, magrinho, meio encolhidinho, pequenininho, mas um gigante quando abre a boca e diz o que diz...Tive a honra de lhe conhecer pessoalmente, através de um aperto de mão, em Brasília, nalgum encontro organizado pelo pessoal da Economia Solidária de lá, onde se destaca um campomaiorense que é própria personificação do movimento lá, meu amigo Paulo Henirque de Morais, mais conhecido aqui como Paulinho de Dona Jorgina...
Paul Singer é tão simpático, tão educado, tão inteligente e tão bom professor, parabéns para os oitenta anos de um grande homem.
ResponderExcluirobs: Setembro tá chegando...
sp,