domingo, 18 de março de 2012

A VISIBILIDADE GAY COMO FENÔMENO DA MODERNIDADE, AQUI E ALI...


Ouço comentários engraçados sobre a verdadeira explosão da visibilidade gay na cidade, pra onde você vai.  “Eles estão em todo lugar, meu velho...” “A meninada tá assumindo cada vez mais cedo...” Como observador da cena ao meu redor, não me furto aqui de me manifestar sobre, com todo o cuidado para não ferir suscetibilidades, fugir do vulgarismo e deboche com que se costuma falar do assunto e tentar entender ou explicar o que pra mim é um fenômeno da modernidade que suscita reflexões, reações e um certo desconforto, dependendo da circunstância em que a coisa afeta cada um em particular.
Um pouco de história: pra mim o fenômeno gay se resumia, na minha infância e adolescência em Campo Maior, a um ou dois casos conhecidos e públicos na cidade. Quando fui morar em Recife no início da década de 60, fiquei assustado e desenvolvi um certo temor de gays porque uma vez fui assediado por um senhor que em nada parecia gay dentro de um cinema  ali pelo centro da cidade, a primeira vez que me aventurei a ir sozinho, sem a companhia de algum amigo ou parente, assistir a um filme. Com o tempo prestei a atenção no fenômeno e me interessei por entender aquilo, até por receio talvez, de me descobrir com a alguma tendência homossexual, coisa que acho perfeitamente natural. Na década de 70, me interessando por teatro, fui uma dia levado por um amigo que trabalhava no banco comigo, a um ensaio de um conhecidíssimo grupo de teatro profissional de São Paulo, que chocava pela forma como as pessoas no grupo, se relacionavam sexualmente, transformando os ensaios em verdadeiras orgias. Eu vi aquilo e fiquei mais assustado ainda. Não voltei mais lá, por recato e por não sentir em nada atraído pelo que vi. Ao longo dos anos que tenho vivido, sempre tive o maior respeito pelos gays com quem convivi fazendo teatro ou convivendo pessoalmente, mas achando como ainda acho que expor-se publicamente a partir de sua opção sexual, algo meio limitante da personalidade, porque sexo pra mim é só uma manifestação da personalidade e como tal, complicado de a partir dela, moldar toda a sua imagem pública. Algo tão despropositado como se eu me apresentasse publicamente como “raparigueiro” e a partir disso tentasse moldar minha imagem pública... Questão de opção, claro, cada um é que sabe porque é do jeito que é...
Mas voltando ao fenômeno do que já se denomina hoje a “explosão” gay em tudo o que é canto desse velho e cansado planeta, eu diria que isso se deve a muitos fatores, como enumero abaixo:
1)      As relações entre os heterossexuais é cada vez mais complicada; porque isso, é tema pra mais outras reflexões sobre;
2)      O sexo gay termina ficando mais prático porque não envolve risco de coisas imprevistas como gravidez, que é tão ou mais complicado do que se contrair doenças como a Aids;
3)      Os grupos “familiares” que se formam a partir das relações gays são mais fechados e adaptados à vida moderna;
4)      Os chamados “guetos” gays terminam atraindo pela facilidade de se formarem e existirem, seja pra se organizarem para fazerem uma parada gay, seja pra fazerem lobby pra exigirem da sociedade punição para quem os recrimina violentamente;
5)      Ser gay termina sendo algo compreensível até do ponto de vista da natureza ambígua do ser humano, quer do ponto de vista físico, como psicológico, ou seja, todo machão que assim se acha é tão viado quanto uma bicha louca...é só prestar atenção nas “barbies”, que são bichinhas marombadas, musculosas e não menos bichas por  isso...
6)        As famílias e a sociedade como um todo aceitam mais o fenômeno gay,  no Brasil de hoje, claro porque a maioria dos autores de novela, em sua maioria homossexuais assumidos, exploram o espaço para fazerem a vulgarização de gays de todos os tipos, desde os enrustidos aos caricatos...
7)      Falo aqui do fenômeno entre os machos, mas entre as meninas, a coisa é mais interessante ainda porque como elas são menos indiscretas, quando são, passam menos percebidas talvez por recato...
8)      O fenômeno veio para ficar e cada um que se prepare para conviver civilizadamente com ele, porque se ainda se quer xingar alguém de viado, pode na verdade estar é elogiando-o, o que é no mínimo, estranho...
9)      Até os anos 50, ser bicha e pobre no Brasil era algo vergonhoso;  Aguinaldo Silva, um dos mais conhecidos autores de novela, uma vez se referia sobre isso, quando fala do tempo em que era pobre, feio e bicha, isso no começo dos anos 60...
10)   Por mais que você se choque com o fenômeno, é melhor tentar entender do que rejeitar por puro preconceito, que termina sendo sintoma de ignorância ou incapacidade de conviver com os diferentes, algo que, com o tempo, pode vir até a ser criminalizado...
  

9 comentários:

  1. Senhor Zan eu já li em algum lugar e concordo que eu também prefiro ter prazer por onde sai a vida do que gozar no esgoto do organismo. E porque Deus não criou trêz ao invés de dois tipos de humanos? Temos tantas coisas mais importantes pra tratar com relação a juventude masacrada pelas drogas do que estimular jovem a ser gay ou bicha ou sei lá o que mais. O mundo está tão esculambado e precisando de uma lavagem de decensia e moral a começar pelos políticos.

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  2. Luciano, eu não estou estimulando as pessoas a serem gays; eu só estou dizendo que ser gay é algo que está aí, visível para todo mundo ver e tentar entender e aceitar ou não, mas aprender a conviver com a situação...

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  3. Político tem bom e ruim, generalizar, a meu ver, é burice... mas acho que as pessoas preferem demonizá-los a admitir que são tão ruins quanto ou pior do que eles...

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  4. SERÁ QUE O ZAN NO FUNDO NAO É UM GAY FRUSTADO E UM PESSIMISTA DA VIDA? ELE É O EXEMPLO DO FRACASSO,NÉ NAO LUCIANO? ZAN TEM CARA DE DROGADO. JOAO MARCELO

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  5. Nem no fundo nem na tampa (ou rosca, como se diz), eu sou um gay frustrado, João Marcelo, nem tampouco pessimista, pense só em falar de gays e gaysses com tanta desenvoltura sem despertar algum tipo de suspeita num lugar onde a diversão de gente fina é levantar suspeita sobre a sexualidade alheia? Drogado, sim, ando me empanturrando de drogas, mas de farmácia... A última vez que dei um tapa na macaca, tua mãe ainda não tinha começado a farriar com a vizinhança...

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  6. Sim, exemplo de fracasso, talvez, mas de alguma forma, exemplo... Tem pai ou mãe dizendo a seus fihos por aí:"Meu filho, seja até um gay frustrado, um drogado da vida, mas não seja um ZAN da vida..." Tu acha, João Marcelo, que eu não sirvo pra alguma coisa

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  7. Explico-me porque afirmei de forma até muito mau escrita, porque acho que as relações heterossexuais hoje são complicadas:homens e mulheres quando se aproximam um do outro, querem algo mais do que só transar; querem construir uma relação que às vezes termina em casamento e família; os gays, principalmene, os jovens gays, estão interessados em se encontrar pra cair na farra; nessa fase, o tipo de relação que têm entre si é tão fugaz quanto o tempo de uma transa rápida...

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  8. Se eu fosse gay, como suspeita João Marcelo, não esconderia isso nem pra mim mesmo... Na minha idade, caro jovem, não tem máscara que se segure... Ou gay frustrado porque hetero que não quer se homo? Pára com isso, cara...

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  9. João Marcelo, não lhe conheço e muito menos a sua mãe...

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